domingo, junho 20, 2010

Uma breve história No tempo



E hoje é, pra mim, a verdadeira passagem de ano.A-1967-03
Conto assim: o dia do meu aniversário, ao invés do dia 1º de janeiro é pra mim o primeiro dia do ano, já que se eu não tivesse nascido tanto faria se a Terra girasse ao redor do Sol , eu não saberia.
Então como hoje é dia de post resolvi fazer um breve relato da minha história de vida e se você se aborrecer e pular o post vou entender.
Quase que escrevo só pra mim!


Nasci geminiana, garota esperta que com 5 anos já chorava pra mãe ensinar a ler. Porque o irmão mais velho lia as histórias em quadrinhos e eu não?12
Na verdade ele fazia picuinha de mim e ria da minha ignorância aos 5.
E de tanto infernar minha mãe, aos 6 já era uma ávida leitora de Maurício de Souza.


32637_f520Eu e meu irmão…Dexter e Didi, ele sempre foi metido a cientista maluco e até laboratório tinha. Eu sempre fui rosinha, avoadinha, bailarina e muito, muito xereta, sempre entrava no laboratório do meu irmão pra espiar o que ele andava aprontando o que deixava ele maluco de raiva, hehehe.Hoje ele é um cientista de verdade e eu continuo a xeretar onde não fui chamada, a gente é o que é desde que nasce, só muda o cenário, o padrão continua.


De qualquer forma cresci cercada de livros e música.
Meus pais, que pouco tinha em comum além de serem pessoas excêntricas e a frente de seu tempo,  ficaram casados por 15 anos apenas.
Ele Católico, Ela Protestante. Colocaram nomes duplos em mim e em meus dois irmãos desse casamento, já que nunca chegavam a um acordo sobre quase nada.
Mas ambos gostavam de música e nasci e cresci ouvindo música clássica. Adoravam literatura e eu cresci cerca de livros e muita informação.


Não tinha jeito de ser diferente, eu sou uma pessoa muito fora do padrão óbvio de comportamento, não tinha como ser de outra forma.J-Detalhe(1981)
Aos 15 conheci os meus amigos de adolescência. Como eles eram até 11 anos mais velhos que eu, me protegeram em festas malucas, me ensinaram a refinar meu gosto e paladar. Com eles eu aprendi como era o mundo sem que o mundo me estragasse, já que eles estavam ali pra me proteger.

Com alguns deles eu aprendi a amar, me decepcionar, aprendi que o mundo não é um mar de rosas mas é muito bom de viver.
Alguns, já falecidos infelizmente, me ajudaram a ser quem eu sou hoje. Me ensinaram que não importa a diferença de idade, de raça e de classe social, a amizade e o amor independem de fatores externos.

O-Outros Carnavais-02.1987
Aliás, minha mãe sempre me carregou junto com ela pras escolas de periferia, e eu aprendi muito cedo que o mundo não era justo.
Que quem tinha mais não se importava com quem tinha menos e quem tinha menos me desprezava por estar visitando a pobreza deles.
O ser humano em geral é assim, incrivelmente cego. 


Eu estava ali porque minha mãe queria que eu aprendesse a enxergar as pessoas com igualdade, independentemente da classe social.


Por isso eu cresci meio sem lugar.


Para meus coleguinhas da escola particular eu era uma estranha menina que gostava daquelas crianças que os pais deles ensinaram serem menos do que eles.I-Balé-1980 b
Para meus colegas da escola pública eu era aquela menina fresca e cheia de frufru tentando ser amiga, mas eles nunca me aceitaram de verdade e sempre desconfiaram de mim.

Enfim, aprendi a viver com meus livros, meus gatos e minha solidão.
Mas não se engane, isso nunca me fez desistir das pessoas, muito pelo contrário.

Com 17 já morava sozinha e fazia faculdade, com 23 conheci o amor da minha vida e casei.
Passei a maior parte da minha vida estudando e obedecendo, meus pais e meu marido.
Comecei a trabalhar com 31 e aprendi que a vida Corporativa não é mole mas me fez crescer e amadurecer mais do que qualquer outra coisa que eu já tivesse vivido.


Com 40 resolvi me libertar de tudo que me prendia, descobri que já não queria obedecer ninguém e me dei conta de que estava na Idade da Razão.
ZG-DSC01834 2007 Reavaliei meus conceitos, me libertei dos meus medos e virei gente grande.
Passei a encarar meus pais com olhos adultos, de quem entende tudo que eles fizeram por mim, entendi que agora sou eu quem tem que zelar por eles, fazer as vontades, deixar de ser servida e servir.
Entrei em crise com meu relacionamento de quase 20, já que ambos mudamos, deixei de ser a menininha desligada e me tornei uma profissional objetiva e segura de si.


Eu no South ParkNo momento estamos reavaliando nossas vidas e resolvemos deixar de lado essa coisa de papel (o casamento instituição) e voltamos a namorar. Quem sabe ainda haja um futuro maravilhoso pra nós?
Ou não, e isso seja apenas o começo do fim. 
Na verdade não importa, o Amor fica, a história de nossas vidas já está escrita e o que vier depois já é outra história.


Deixando de lado o blábláblá, espero sinceramente viver pelo menos mais 43 anos e ter muito mais pra contar.




200px-Josesaramago-2 Longe de querer me comparar, fica aqui minha admiração e respeito pelo escritor José Saramago, que faleceu anteontem e pra mim é um exemplo de pessoa que soube viver sua vida como se não houvesse amanhã.


Um brinde a vida!








Minutos, dias
Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais.
José Saramago-In Levantado do Chão, Ed. Caminho, 14.ª ed., p. 59









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Palpites são bem-vindos !